A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) de Confresa, avança na apuração dos crimes de latrocínio, fraude processual, ocultação de cadáver e associação criminosa, que vitimaram o fazendeiro e comerciante Paulo José de Souza, de 69 anos.
O crime, ocorrido em setembro deste ano, foi praticamente elucidado com a prisão de dois suspeitos no Estado do Pará, durante a Operação Dalila, conduzida pela equipe da delegacia.
As prisões ocorreram após intenso trabalho de investigação e integração entre forças policiais.
Policiais da DERF de Confresa se deslocaram até o Pará, onde contaram com o apoio da Polícia Civil paraense, da Inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso (PJC/MT) e da Coordenadoria de Combate ao Crime Organizado (CCCO/PJC-MT).
O trabalho conjunto permitiu a localização e a prisão dos investigados, que haviam deixado Confresa logo após o crime.
De acordo com as investigações, o fazendeiro desapareceu no dia 12 de setembro de 2025, após sair de sua propriedade rural com destino à cidade de Confresa.
Naquela noite, ele foi visto em uma boate de sua propriedade, acompanhado de pessoas de sua convivência.
Na madrugada seguinte, moradores do bairro Santa Genoveva relataram um incêndio em um veículo estacionado em um terreno baldio.
No local, a equipe policial encontrou uma caminhonete Chevrolet/S10 totalmente carbonizada, reconhecida pela família como sendo da vítima.
Na manhã do dia seguinte, um corpo carbonizado foi encontrado às margens de uma estrada vicinal, na região da Agrícola Alvorada, zona rural do município.
O exame necropapiloscópico realizado pela POLITEC/MT confirmou a identidade de Paulo José de Souza, caracterizando o caso como latrocínio consumado — roubo seguido de morte.
As investigações apontaram que o crime foi motivado por interesse financeiro.
Logo após o homicídio, foram realizadas transferências bancárias via PIX, que somaram mais de R$ 20 mil, da conta da vítima para pessoas próximas.
A perícia também constatou a destruição proposital de câmeras e equipamentos de vigilância no estabelecimento da vítima, configurando fraude processual e tentativa de ocultar provas.
Os dois suspeitos presos mantinham vínculo direto com o fazendeiro — o homem era funcionário responsável pela administração do estabelecimento, e a mulher mantinha uma relação de confiança e proximidade afetiva com ele.
Após o crime, os dois fugiram para o Estado do Pará e mudaram a aparência, pintando os cabelos de loiro, numa tentativa de evitar o reconhecimento.
Foram localizados e presos por equipes da DERF de Confresa, com o apoio operacional e de inteligência das unidades integradas.
Durante o andamento das apurações, a investigação redefiniu seu foco, concentrando-se nos mentores intelectuais e no executor direto do crime, após a exclusão de nomes inicialmente considerados.
O conjunto de provas reunidas pela equipe policial reforça o planejamento, a divisão de tarefas e a motivação patrimonial dos envolvidos.
O nome da operação — “Dalila” — foi inspirado na personagem bíblica do Livro de Juízes, que traiu o companheiro Sansão em troca de recompensa.
A denominação simboliza a traição motivada por interesse financeiro, uma vez que a vítima foi morta por pessoas de sua confiança.
Segundo a Polícia Civil, a escolha do nome reflete o caráter de frieza e premeditação do crime.
A Delegada Karen Amaral Makrakis, titular da DERF/Confresa, destacou o empenho da equipe e a cooperação entre os estados.
“A Operação Dalila é resultado de uma investigação técnica e integrada. As equipes da DERF foram até o Pará para cumprir as prisões, com apoio essencial das inteligências da PJC/MT, da CCCO e da Polícia Civil do Pará. Essa atuação conjunta foi decisiva para esclarecer um crime grave que causou grande repercussão na região”, afirmou.
O inquérito segue em fase final de instrução, com diligências complementares e análise de novos elementos periciais.
A Polícia Civil reforça que o caso segue sob sigilo até a conclusão total das investigações.