A mulher que matou duas pessoas no domingo (21), em Peixoto de Azevedo, identificada como Inês Gemilaki, de 49 anos, foi processada em R$ 59,1 mil por Raquel Soares da Silva, dona do imóvel que ela alugava. A disputa judicial é apontada pela Polícia Civil como a motivação para o crime.
[...] a autora não fez provas de suas alegações ao deixar de juntar documentos de comprovação que demonstrassem em quais e reais condições de uso o imóvel objeto da locação fora entregue. Na petição, de 2023, Raquel acusava Inês de ter deixado a casa com diversas avarias após o fim do contrato, em maio de 2022, além de não ter pago um mês de aluguel, no valor de R$ 5 mil, segundo o site Folhamax.
O juiz leigo Francis Dias Paiva, do Juizado Especial Cível e Criminal de Peixoto de Azevedo, no entanto, negou o pedido de Raquel. Segundo Paiva, a proprietária não teria reunido documentos que comprovassem o estado do imóvel antes e depois de ser habitado por Inês.
"[...] A autora não fez provas de suas alegações ao deixar de juntar documentos de comprovação que demonstrassem em quais e reais condições de uso o imóvel objeto da locação fora entregue a parte reclamada, impossibilitando o julgador de proferir qualquer decisão a respeito dos fatos narrados na inicial", consta no documento.
No processo, conforme Raquel, a residência estava com diversos problemas em fechaduras, nos pisos e papéis de parede, assim como no portão eletrônico e nas câmeras de segurança.
Após tentativa de conciliação na Justiça, a ação foi extinta diante da falta de documentos que comprovassem que as avarias ocorreram durante o período em que a casa era alugada para Inês.
"Intimidação e ameaça"
Conforme a delegada Anna Paula Marien, responsável pela investigação, houve vários desentendimentos entre as partes após Raquel entrar com a ação na Justiça.
Horas antes de cometer o duplo homicídio, Inês, seu marido Márcio Ferreira Gonçalves, de 45 anos, e o filho da suspeita, Bruno Gemilaki Dal Poz, de 28 anos, foram até a delegacia do Município para registrar um boletim de ocorrência por ameaça.
No documento consta que três homens teriam invadido a casa da mulher, à sua procura, porém só encontraram Márcio no imóvel.
O trio, então, teria avisado ao marido de Inês que ela e Bruno estariam "em dívida com eles". Ainda de acordo com o B.O., os homens teriam enviado fotos para o celular dela insinuando que pertenciam a uma facção criminosa.
“Nas mensagens enviadas, constava o envio de uma bandeira vermelha com as iniciais ‘CV’”, constra na denúncia. A sigla corresponde ao Comando Vermelho.
O crime
Na tarde de domingo (21), Inês, Bruno e Márcio foram até a residência onde estava seu alvo, no Bairro Alvorada, e mataram dois inocentes, diz a Polícia Civil.
As vítimas foram identificadas como Pilson Pereira da Silva, de 65 anos, e Rui Luiz Bogo, de 57 anos. Na ação, um padre foi baleado, passou por cirurgia e está fora de perigo.
O crime foi filmado por câmeras de segurança, e as imagens mostram Inês portando um revólver, enquanto seu filho, o médico Bruno, segura uma espingarda.
Nos vídeos é possível ver que a mulher entra na casa e atira em uma das vítimas, que está deitada no chão, a poucos metros de distância.
Depois ela vai até outros dois homens, que se escondem atrás do sofá, e aponta a arma para um deles. Não é possível ver se ela atirou na segunda vítima.
Após os assassinatos, o trio fugiu em uma Ford Ranger, com destino ao Pará, informou a Polícia.